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A Confição do Inimigo
Depois de milhares de anos vagando pela Terra aprendi muito da natureza humana, suas fraquezas, seus desejos mais secretos e suas misérias. Tenho consciência que minha causa foi derrotada, entretanto estou trabalhando freneticamente para levar ao destino que me aguarda o maior número de pessoas, pois sei que pouco tempo me resta. (1) Apocalipse 12:12
Não é fácil a vida de um adversário do Todo Poderoso, principalmente porque Ele conta com um exército fiel de crentes espalhados pelo mundo inteiro que com suas orações produzem uma reviravolta em todo mal que intento. Felizmente, são poucos os que oram de verdade, porque a maioria está preocupado consigo mesmo, outros começam bem, me incomodam, mas logo desistem, pois não tem perseverança.
Fico admirado com o fascínio que exerço sobre alguns crentes, que falam mais de mim que de Deus. Rio muito quando eles tentam me amarrar, e dizem que naquela cidade não entro mais. Pois acaba a oração e eu continuo fazendo as mesmas coisas. O que esses cristãos não entendem é que não devem lutar contra mim, mais buscar Aquele que tem mais pode que eu. Quando eu quase destruí a vida de Jó, ele não me dirigiu uma palavra sequer, mas dizia o tempo todo que a causa dele estava diante de Deus e que seu Redentor vive. Quando humilhei a Paulo colocando-lhe um espinho na carne, ele não tentou me acorrentar, mas apresentou a sua fraqueza a Deus, que lhe vitória. Sinceramente, com gente assim não dá pra lutar.
Tenho prazer especial em atormentar esses que ficam preocupados comigo o dia inteiro ao invés de viverem a vida. Eles dizem que me vêem em todos os lugares, até nem onde eu estou... é muito engraçado. Com tais eu nem preciso me preocupar, pois sei que não são cristãos seguros de sua fé. Eles fazem parte daquele grupo que faz uma boa propaganda de mim, pois julgam que eu possuo muito mais poder do que realmente tenho e afirmam que fiz coisas das quais não tive a ver. Na verdade eu sou um pobre diabo, condenado e derrotado, mas da forma que falam é como se eu fosse onisciente e onipotente. Será que eles não sabem que eu não posso fazer absolutamente nada sem a permissão do Todo Poderoso? Ah! Se não fosse Poe Ele... Mas, tudo bem, a propaganda é a alma do negócio. Sou constantemente acusado de tirar muita gente da Igreja. É mentira! Eles saem porque são levados por seus próprios desejos. Não fui eu que instiguei o filho pródigo a sair da casa do pai (2) Lucas 15:12.
E demais a abandonar o apóstolo Paulo porque amou mais o mundo que a Deus (3) II Timotéo 4:10.
Não tenho a pretensão de tirar da Igreja pelo contrário. Quero deixá-lo lá, pois farei de tudo para serem frios, apáticos, que fiquem brigando entre si, que se dividam que eles só conversem com o grupinho deles. No que depender de mim farei com que tenham uma vida tão miserável, que quando eles forem evangelizar, ninguém vai querer ter uma vida igual a deles.
Outra estratégia que uso muito é a de fazer com que a Igreja se pareça tanto com o mundo em valores e práticas, pois assim que quando as pessoas passam a freqüentá-la, elas não precisam mudar nada, e continuarão a fazer as mesmas coisas de antes. Não é genial? Gosto de soprar mentiras nos ouvidos das pessoas – afinal quero fazer jus ao meu nome “pai” da mentira. É eu digo-lhes que sou como gafanhotos e eles acreditam, digo-lhes que são uns derrotados e eles nem se levantam da cama, digo-lhes que Deus não os perdoou por tal pecado e eles ficam cheios de culpas.
Confesso também que sinto um enorme prazer em oprimir aqueles que se recusam a perdoar o seu irmão, pois recebi carta branca do Todo Poderoso para atormentá-los com toda sorte de espíritos malignos, dos quais eu sou o principal. E não ponham a culpa em mim, pois só posso
fazer isso se o crente se recusar a liberar perdão, pois quando ele perdoa é horrível a sensação de paz daquele coração, e eu saio correndo dali. (4) Mateus 18:34,35.
Acho muito engraçado quando usam sal grosso e oração forte contra mim, nem ligo. Agora, o que eu temo mesmo é uma vida santificada. Contra um crente santificado, fiel e que tem a Palavra guardada no coração, desse eu também fujo. (5) Tiago 4:7.
Como minha hora se aproxima eu estou trabalhando num projeto grandioso para este século. É uma estratégia tão ardilosa que são poucos os que percebem. Hoje, todo mundo que Deus e eu estou dando “Deus” de todos os tipos e para todos os gostos. Eu estou enchendo o mundo de “Deus” para que eles fiquem tão confundidos que não saibam quem é o Deus verdadeiro. Cada um pode ter seu “Deus” do jeito que quiser. Agora ninguém mais precisa ficar submisso ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Vocês não imaginam como o povo gosta dessas novidades.
Tenho queimado as pestanas inventando sacrifícios, novos rituais, e tenho levantado líderes que falem de Jesus, mas sem nenhum compromisso com o reino Dele. Adoro soprar ventos de doutrinas porque os meninos na fé acreditam em tudo.
O meu objetivo com isso? Confundi-los e fazerem imaginar que estão servindo a Deus. Agora, eu não aceito levar a culpa de tudo sozinho não – eu só dou aquilo que eles querem. Eles gostam de brilho eles querem glória para si, eles admiram aqueles que fazem sucesso, eles crêem em toda forma de misticismo... Eu nunca imaginei que este povo gostasse tanto de ídolos, ídolos que cantam, ídolos que pregam, ídolos que profetizam, é uma loucura como idolatram tudo.
Muitos falam que eu sou feio, e até pintam quadros horríveis, dizendo que eu tenho chifres, pêlos e cara de bode. Desde a minha criação sou muito vaidoso e
jamais aceitaria ser de outra forma. SE vocês ouvissem aquele tal de Apóstolo Paulo saberiam como sou de verdade: sempre fui um anjo de luz, fala mansa, voz agradável, boa aparência e muito convincente (6) II Coríntios 11:14.
Felizmente são poucos os que me reconhecem e assim vou enganando a muitos. Par terminar, eu quero dizer a todos que eu não sou ateu. Eu creio e tremo diante de Deus. (7) Tiago 2:19.
Mas eu não consigo, não consigo me submeter. Submissão significa obediência, e eu não quero ser servo. Aliás, tem muita gente indo comigo que também crê em Deus, pratica os seus atos religiosos, freqüenta uma Igreja, mas são desobedientes, como eu.